Theatro Melpômene, Vitória, Espírito Santo, Brasil

 

Theatro Melpômene, Vitória, Espírito Santo, Brasil
Vitória – ES
Fotografia – Cartão Postal

Texto 1:
A história começou em 1872, quando o grupo de teatro Melpômene conseguiu um empréstimo para instalar um teatro no Largo da Conceição. Mas o empreendimento não foi adiante. A sociedade foi extinta, mas anos depois, o projeto é recuperado pelo então governador Muniz Freire que deu início às obras.
A construção se deu em 1895 e o teatro foi inaugurado em 1896 na praça da Independência (atual praça Costa Pereira), exatamente onde hoje é o Hotel Império, no início das ruas Graciano Neves e Sete de Setembro, no Centro de Vitória. Ali aconteceram as primeiras apresentações de óperas, a primeira projeção de filme (1901) e os primeiros grandes espetáculos.
O prédio foi projetado pelo arquiteto italiano Felinto Santoro no governo de Muniz Freire (1890-1896) . Construído em pinho de piga, possuía 1200 lugares, seu próprio gerador de energia, cortinas, camarotes, poltronas e cadeiras para a plateia.
O teatro funcionou até 1924 quando, durante a exibição de um filme em 08 de outubro, ocorreu um incêndio na sala de projeção que causou um imenso tumulto, levando algumas pessoas a se jogarem para fora do teatro. Parte da escada destinada ao público do balcão cedeu ao peso e deixou dezenas de feridos. Encontra-se algumas divergências entre publicações da época e dados que se divulgam hoje sobre o tamanho real do incêndio e quanto ao número de mortos. O jornal “Folha do Povo”, em 9 de outubro de 1924, apresentava a seguinte manchete: “O incêndio de hontem no Theatro Melpomene – vários mortos e grande número de feridos”. A partir desse episódio, o teatro foi interditado e vendido em 1925 a André Carloni, que aproveitou as colunas de ferro fundido para sustentáculo do Theatro Carlos Gomes, por ele iniciado. Este último foi inaugurado no dia 5 de janeiro de 1927, na mesma praça, alguns metros à direita do anterior. Texto do História Capixaba.

Texto 2:
Um dos pontos culturais mais emblemáticos da Vitória do fim do século XIX e começo do XX atendia pelo nome de Sociedade Dramática Particular Melpômene, que se tornaria o polo da vida cultural da capital por quase três décadas.
O Theatro Melpômene foi o primeiro teatro à italiana de Vitória, inaugurado em 1896 na praça Costa Pereira, Centro Histórico da cidade, e demolido em 1925, um ano após sua interdição.
Nascida em Campina Grande (PB), Colette Dantas reside em Vitória, Espírito Santo, desde 1982. Cresceu no Recife e morou também no Rio de Janeiro, cidades onde iniciou sua formação e seus trabalhos artísticos. Formou-se em Educação Artística na UFPE (Recife, 1981), em Arquitetura e Urbanismo na UFES (Vitória, 1999) e fez Mestrado em Arquitetura na UFRJ (Rio de Janeiro, 2005).
Ninguém melhor do que ela, portanto, para detalhar os pormenores da construção e da breve vida do teatro. Segundo suas pesquisas, o edifício possuía uma volumetria que se destacava no contexto da cidade, ainda com sua arquitetura e traçado urbano colonial de final do século XIX. Podia ser visto da Baía de Vitória, para a qual tinha posicionada a sua fachada frontal, e de vários pontos de vista da pequena Villa de Victoria, como das Igrejas do Rosário e do Carmo.
O antigo Largo da Conceição da Prainha, transformado em praça Costa Pereira, foi o território escolhido para implantação do teatro. No terreno vizinho, existia a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que foi demolida após a construção do teatro, pois os frequentadores da capela sentiam-se ameaçados pela “exposição moral” a que poderiam se submeter, dada a proximidade com um espaço daquela “natureza”. Em outras palavras, o ambiente do teatro não era bem visto pela sociedade burguesa de então, sofrendo os preconceitos que sempre o acompanharam.
Além disso, o local estava sujeito a frequentes alagamentos, pois abrigava o estuário do Reguinho, riacho que descia do Morro da Fonte Grande, canalizado posteriormente para dar lugar à urbanização da rua Sete de Setembro e entorno.
A fachada do teatro era toda modulada em painéis de madeira com sistema de travamento cruzado interno das peças, lembrando a estrutura do sistema construtivo enxaimel. As peças de madeira, pinho de riga, foram trazidas de navio do Rio de Janeiro, de onde já vieram modeladas.
Para construir o teatro, foram contratados diversos profissionais italianos da construção civil, entre eles o engenheiro projetista da obra Filinto Santoro, o pintor Spiridioni Astolfoni, e o jovem ajudante de serviços Andrea Carloni.
O projeto arquitetônico do teatro foi desenvolvido por Santoro entre 1895 e 1896, que redigiu um memorial descritivo abordando questões conceituais, técnicas e construtivas da edificação, e ainda apresentava referências estéticas e programáticas que esclareciam seu processo criativo e decisões projetuais importantes.
Internamente, na sala de espetáculos, era possível observar as ordens da plateia: térrea, frisas, camarotes e galerias. A planta em ferradura revelava o traçado das edificações teatrais neoclássicas. O arco de cena decorado possuía camarotes de palco nas suas laterais e um fosso de orquestra. Foi a primeira edificação de Vitória a ter luz elétrica, fornecida por gerador próprio.
O teatro recebia uma diversidade de atrações, principalmente espetáculos cênicos. No espaço, foi instalado um dos primeiros cinemas da cidade, que exibiu a primeira sessão pública em 1901. Os eventos políticos e sociais também eram frequentemente abrigados pelo Melpômene, como bailes de carnaval e banquetes.
Infelizmente, em 8 de outubro de 1924, durante a sessão de um filme, um princípio de incêndio na cabine de projeção do Melpômene trouxe pânico aos espectadores. O desespero levou algumas pessoas a se jogarem do balcão para dentro e para fora do teatro. Parte da escada destinada ao público do balcão cedeu ao peso. O incêndio foi controlado, mas dois mortos e dezenas de feridos foram o resultado da tragédia, que levou ao encerramento das portas da casa de espetáculos. Texto do Teatro Hoje.

Nota do blog: Data 1913 / Autoria não obtida.
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Andrea Belloti

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