Caixa D’Água e as Ameaças à Saúde – Artigo

 

Caixa D’Água e as Ameaças à Saúde – Artigo
Artigo

Qual foi a última vez que você limpou a caixa d’água? Se não se lembra ou já faz mais de seis meses, os moradores da casa correm risco de contrair diversas doenças. A sujeira acumulada no reservatório provoca a proliferação de microrganismos nocivos à saúde.
As companhias de saneamento básico são responsáveis pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, para garantir a potabilidade do líquido que chega a cada estabelecimento. Mas nada adianta se a caixa estiver contaminada com vírus, bactérias, fungos ou parasitas.
A água infectada, a mesma que você usa para lavar a louça, limpar alimentos, escovar os dentes e tomar banho —há ainda quem a tome diretamente da torneira— pode causar dor de barriga, enjoo e vômito, além de doenças graves.
Algumas delas são transmitidas pela ingestão de água contaminada, como cólera, hepatite A e giardíase.
Outras são contraídas pelo contato da pele ou mucosas, como leptospirose, caso o líquido esteja infectado por fezes ou urina de animais.
Já a falta de vedação do reservatório ajuda na proliferação de ovos do mosquito da dengue.
Por estar geralmente localizada no telhado, os moradores se esquecem de higienizá-la. Mas lembre-se daquilo que todos nós aprendemos ainda pequenos na escola: a água potável é insípida, incolor e inodora, isto é, não tem sabor, cor ou cheiro.
Qualquer alteração das propriedades físico-químicas da água, como presença de coloração e odor, significa que está imprópria para consumo.
Outro alerta é a frequência de casos de viroses entre os moradores da casa. E atenção aos filtros e purificadores. Para barrar os microrganismos que causam doenças, a capacidade de filtração do equipamento deve ser de 0,1 a 0,4 micron.
A reprodução de agentes patogênicos na água da caixa aumenta o risco de transmissão das seguintes doenças:
Cólera
A cólera é uma doença bacteriana infecciosa intestinal aguda, cujo agente causador é a bactéria Vibrio cholerae. Ao afetar o intestino delgado, provoca cãibras, dor abdominal, vômito e diarreia. Como consequência, a desidratação pode se tornar intensa e levar à morte, se não tratada corretamente, devido a complicações da função renal, da circulação e do equilíbrio de água e minerais no corpo. Idosos, diabéticos, desnutridos, gestantes e portadores do vírus HIV e com patologia cardíaca estão entre o grupo de risco.
Hepatite A
A infecção se dá pelo vírus A (HAV) da hepatite, que ataca o fígado e pode ser letal com o avanço da idade. Fadiga, febre, dores musculares, enjoo, vômito, diarreia, urina escura e olhos amarelados são os principais sintomas, que surgem de 15 a 50 dias após a contaminação e permanecem por até dois meses.
Esquistossomose
Conhecida como doença do caramujo, é transmitida pelo parasita Schistosoma mansoni. O período de incubação é de duas a seis semanas, quando o indivíduo contaminado passa a ter diarreia, prisão de ventre, sangue nas fezes, falta de apetite, dor muscular, febre, tonturas, sensação de estômago, coceira anal e perda de peso. A evolução da doença pode ser grave e causar aumento do volume do fígado, baço e abdome, além de hemorragia digestiva e hipertensão pulmonar. Nestes casos, há risco de morte.
Leptospirose
A bactéria Leptospira presente na urina infectada de animais, sobretudo ratos, penetra na pele por lesões, mucosas ou longa exposição. O intervalo entre a transmissão e o início dos sintomas varia entre 7 e 14 dias. Inicialmente, gera febre, dor de cabeça e muscular, falta de apetite, vômito, diarreia e tosse. Em seguida, ocorre aumento do fígado e baço e edema da conjuntiva do olho. Nos quadros graves, podem ser detectados síndrome de Weil e insuficiência renal e pulmonar, com possibilidade de hemorragia. Nestes quadros, a letalidade pode chegar a 40%.
Giardíase
Altamente transmissível por meio das fezes de animais, a infecção ocorre pela ingestão de cistos do protozoário Giardia lamblia. A possibilidade de contrair a doença aumenta em quatro vezes em casos de consumo de água imprópria. Afeta o intestino delgado e causa sintomas como diarreia, fadiga, cólicas abdominais, gases, náusea, vômito, inchaço e desidratação, por até três semanas. Desidratação, má absorção de nutrientes, perda de peso, anemia e comprometimento cognitivo estão entre as consequências mais graves.
Amebíase
A infecção parasitária é transmitida pela ameba Entamoeba histolytica, cujos cistos se alojam no cólon e produzem inflamação no intestino. As manifestações aparecem de uma a três semanas após a ingestão do protozoário. As principais são febre, diarreia, dor de estômago, fezes com sangue, cólicas abdominais e perda de apetite. Na fase avançada, pode atingir outros órgãos e tecidos via circulação sanguínea e causar abscessos no fígado, pulmões ou cérebro. A falta de tratamento pode ser fatal.
Dengue
Neste caso, o perigo não advém do consumo ou ingestão de água contaminada, mas da falta de vedação e limpeza do reservatório. A fêmea do mosquito Aedes aegypti —vetor da dengue, chikungunya e zika— usa a água para procriar. Portanto, a caixa destampada facilita o depósito de ovos e a disseminação da doença. Além de febre alta, provoca dores de cabeça, musculares, articulares e atrás dos olhos, além de hemorragia em caso de piora do quadro. Gestantes, crianças de até 2 anos e idosos correm mais riscos.
Como limpar a caixa d’água?
A higienização do reservatório de água deve respeitar um procedimento específico, para garantir a eliminação da sujeira e dos microrganismos.
Por exemplo, escova de aço, sabão e detergente estão vetados. Um ponto importante é manter a caixa sempre tampada, para impedir a entrada de ratos, urina de animais, insetos ou mesmo de sujeira. Outra dica é anotar a data da próxima limpeza, que deve ser feita a cada seis meses. E lembre-se de cuidar das instalações hidráulicas, a fim de evitar contaminação no caminho do líquido até a torneira.
Confira o passo a passo de como limpar corretamente:

1-) Feche o registro de entrada da água ou amarre a boia da caixa d’água.
2-) Limpe a tampa da caixa d’água e a remova.
3-) O registro de entrada da água poderá ser fechado um dia antes da limpeza, para você utilizar toda a água armazenada e evitar o desperdício.
4-) Mantenha um palmo de água no fundo da caixa e tampe a saída. Essa medida evitará que a sujeira escoe pelo ralo.
5-) Utilize um pano úmido para lavar o interior da caixa. Caso ela seja de fibrocimento, substitua o pano por uma escova de fibra vegetal ou de cerdas de plástico macias. Não use escova de aço, vassoura, sabão, detergente ou outros produtos químicos.
6-) Retire a água da limpeza e a sujeira utilizando uma pá de plástico, balde e panos. Seque o fundo com um pano limpo e evite passá-lo nas paredes.
7-) Quando a caixa estiver seca e com a saída ainda fechada, deixe entrar um palmo de água e adicione 2 litros de água sanitária (proporção para caixa d’água de mil litros).
😎 Deixe a solução desinfetante repousar por duas horas. Com a ajuda de um balde, utilize essa mesma solução para molhar as paredes internas e da tampa. Verifique a cada 30 minutos se as paredes secaram. Em caso positivo, aplique a mistura quantas vezes forem necessárias, até completar duas horas.
9-) Passado esse período, ainda com a boia amarrada ou com o registro fechado, abra a saída da caixa e a esvazie. Abra todas as torneiras e acione as descargas para desinfetar as tubulações da casa.
10-) Abra o registro ou desamarre a boia e deixe a caixa d’água encher.
11-) Tampe bem a caixa para que não entrem insetos, sujeiras ou animais. Isso evita a transmissão de doenças.
12-) Abra a entrada de água da casa e deixe a caixa encher. A água já pode ser usada. Texto de Alexandre Raith / Uol.
Share this article
Picture of Andrea Belloti
Andrea Belloti

Curabitur aliquet quam id dui posuere blandit. Mauris blandit aliquet elit, eget tincidunt nibh pulvinar a. Donec sollicitudin molestie malesuada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Related Post.