Tatra 600 Tatraplan 1950, Tchecoslováquia

 

Tatra 600 Tatraplan 1950, Tchecoslováquia
Fotografia

Estabelecida em 1850, a Tatra é uma das marcas mais antigas ainda em atividade. Notório por seus utilitários, o fabricante tcheco produziu alguns dos automóveis de passeio mais avançados do mundo na primeira metade do século 20. Um desses modelos foi o Tatra 600, também conhecido como Tatraplan.
Apresentado como Autoplan no Salão de Praga de 1947, o sedã tinha carroceria monobloco. O Tatra 600 manteve as principais características elaboradas pelo engenheiro austríaco Hans Ledwinka na década de 1930: a aerodinâmica apurada do Tatra 87 e a concepção mecânica do Tatra 97.
O protótipo T107 tinha inúmeras semelhanças com o Fusca: a Tchecoslováquia foi ocupada pela Alemanha em 1938. Até a concepção mecânica era a mesma: motor traseiro de quatro cilindros opostos refrigerado a ar.
Mas os tempos eram outros: nacionalizada após a Segunda Guerra, a Tatra estava agora sob influência direta da União Soviética. Acusado de colaboração com os nazistas, Ledwinka foi julgado, condenado e libertado da prisão só em 1951, motivo pelo qual teve pouca participação no desenvolvimento do Tatraplan.
Rebatizado Ambrož, o primeiro protótipo do Tatra 600 ficou pronto em dezembro de 1946. Apurado em túnel de vento, alcançava o notável coeficiente aerodinâmico de 0,32, evidenciado pelas linhas arredondadas, pela barbatana central e pelas coberturas nas caixas de roda traseiras.
As portas dianteiras tinham abertura invertida, popularmente conhecida como “suicida”. Denominado Josef, o segundo protótipo surgiu no primeiro semestre de 1947, com entradas de ar laterais para melhorar a refrigeração do motor. O nome Tatraplan foi registrado no final do mesmo ano e a produção na fábrica de Kopřivnice começou em 1948.
Custando cerca de 140.000 coroas tchecas, o Tatraplan era um luxo restrito a oficiais militares, integrantes do partido comunista e líderes políticos de outros países socialistas. Era o modelo oficial nas embaixadas tchecas e de países do Leste Europeu. Atravessou a Cortina de Ferro e foi exportado para Áustria, Alemanha Ocidental, Suécia, Finlândia, Canadá e alguns países africanos e asiáticos.
O motor de quatro cilindros opostos tinha 1,9 litro de cilindrada: quando alimentado por dois carburadores rendia 12,03 kgfm e 52 cv, suficientes para impulsionar seus 1.200 kg de 0 a 96 km/h em 32 segundos. A aerodinâmica eficiente exigia pouco do pequeno motor: velocidade máxima de 130 km/h e consumo médio de 9,1 km/l.
O câmbio de quatro marchas com alavanca na coluna de direção proporcionava espaço interno para seis ocupantes. As suspensões eram independentes nas quatro rodas, com duas molas semielípticas na dianteira e eixo oscilante na traseira (mais uma semelhança com o Fusca). O sistema de direção já adotava o preciso sistema de pinhão e cremalheira.
O rádio Tesla 513BV Omikron era um dos opcionais mais desejados, bem como a pintura da carroceria em duas tonalidades. Os bancos poderiam ser revestidos de veludo ou couro nas cores vermelha, verde, azul e combinações de cinza e marrom. Para encarar os rigores do inverno europeu, havia também um sistema de aquecimento da cabine.
A desenvoltura em estradas precárias levou ao surgimento de uma versão específica para ralis: o T601 Monte Carlo, com carroceria de duas portas feita de alumínio. Outra versão especial foi desenvolvida para celebrar o 70º aniversário de Josef Stalin: um Tatra 600 conversível, apresentado no Salão de Praga de 1949, antes de ser entregue ao líder soviético em Moscou.
O Tatraplan das fotos é uma das 4.242 unidades produzidas em Kopřivnice até 1951, época em que o governo determinou a transferência da produção para a fábrica da Škoda. Ali, cerca de 2.100 unidades foram produzidas até 1952: o Conselho para Assistência Econômica Mútua (Comecon) determinou que automóveis de luxo deveriam ser produzidos apenas pela União Soviética. A Tatra só retornaria ao segmento em 1956, com o icônico modelo 603.
Ficha técnica Tatra 600 Tatraplan 1950:

Motor: longitudinal, 4 cilindros opostos, 1.952 cm3, alimentado por carburadores; potência 52 cv a 4.000 rpm; torque 12,03 kgfm a 2.000 rpm; câmbio manual de 4 marchas, tração traseira; carroceria fechada, 4 portas, 6 lugares; dimensões: comprimento 454 cm, largura 167 cm, altura 152 cm, entre-eixos 270 cm, peso 1.200 kgs, pneus 6.00-16 diagonais. Texto de Felipe Bitu / Quatro Rodas.
Nota do blog: Data 2023 / Crédito para Alexandre Battibugli.
Share this article
Picture of Andrea Belloti
Andrea Belloti

Curabitur aliquet quam id dui posuere blandit. Mauris blandit aliquet elit, eget tincidunt nibh pulvinar a. Donec sollicitudin molestie malesuada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Related Post.